Peticione e acompanhe processos: Peticionamento Eletrônico
O que você procura?
Publicações
Revistra Trimestral de Jurispridência
ADI, ADC, ADO e ADPF
ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - 333
Origem: | RIO GRANDE DO SUL | Entrada no STF: | 05-Jul-1990 |
Relator: | MINISTRO CELSO DE MELLO | Distribuído: | 02-Ago-1990 |
Partes: | Requerente: PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA
( CF 103 , 0VI )
Requerido :ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL |
Dispositivo Legal Questionado
- Paragrafo unico do artigo 120 da CONSTITUICAO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL . Art. 120 - ( ... ) Paragrafo Unico - Sao principios institucionais da Defensoria Publica a unidade , a indivisibilidade e a independencia funcional .
Fundamentação Constitucional
- Art. 127 , § 001 º .
Resultado da Liminar
Sem Liminar
Resultado Final
Decisão Monocrática - Prejudicado
Decisão Monocrática Final
Trata-se de ação direta ajuizada com o objetivo de questionar a validade jurídico-constitucional do parágrafo único do art. 120 da Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, cujo teor contém a seguinte prescrição (fls. 02): “Art. 120 (…) Parágrafo único – São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional.” (grifei) Sustenta-se que o preceito normativo em questão transgrediria a cláusula inscrita no § 1º do art. 127 da Constituição da República. Ocorre, no entanto, que se registrou, no caso ora em exame, a superveniência de fato juridicamente relevante, apto a provocar a prejudicialidade integral desta ação direta. Com efeito, a promulgação da EC nº 80/2014 introduziu, no plano do ordenamento positivo nacional, significativa e substancial inovação do quadro normativo até então vigente, pois a Constituição da República reconheceu à Defensoria Pública, como inderrogáveis princípios institucionais, “a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional” (CF, art. 134, § 4º), em precisa extensão de idênticos postulados atribuídos ao Ministério Público pelo art. 127, § 1º, da Lei Fundamental. Desse modo, torna-se essencial, para fins de viabilização do processo de controle normativo abstrato, que as referências paradigmáticas em função das quais a norma é contestada não tenham sofrido alteração em aspectos substanciais em razão do advento de outra regra de igual hierarquia, como aquela introduzida pela EC nº 80/2014 e que, ao inovar, tematicamente, na matéria em exame, conferiu plena validade jurídica ao ato então impugnado. É por tal razão que, em havendo modificação substancial do quadro normativo positivado no texto constitucional, não mais se justificará a tramitação da ação direta anteriormente ajuizada em face de regra estatal agora tornada plenamente compatível com a própria Constituição da República (RTJ 168/436 – RTJ 169/834 – RTJ 169/920 – RTJ 171/114 – RTJ 172/54-55 – RTJ 179/419 – ADI 296/DF – ADI 595/ES – ADI 905/DF – ADI 906/PR – ADI 1.120/PA – ADI 1.137/RS – ADI 1.143/AP – ADI 1.300/AP – ADI 1.510/SC – ADI 1.885-QO/DF, v.g.): “II – Controle direto de constitucionalidade: prejuízo. Julga-se prejudicada, total ou parcialmente, a ação direta de inconstitucionalidade no ponto em que, depois de seu ajuizamento, emenda à Constituição haja abrogado ou derrogado norma de Lei Fundamental que constituísse paradigma necessário à verificação da procedência ou improcedência dela ou de algum de seus fundamentos, respectivamente: orientação de aplicar-se no caso, no tocante à alegação de inconstitucionalidade material, dada a revogação primitiva do art. 39, § 1º, CF 88, pela EC 19/98.” (RTJ 172/789-790, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE – grifei) Cumpre ressaltar, por oportuno, que essa orientação jurisprudencial reflete-se no próprio magistério da doutrina (CLÈMERSON MERLIN CLÈVE, “A Fiscalização Abstrata da Constitucionalidade no Direito Brasileiro”, p. 225, item n. 3.2.6, 2ª ed., 2000, RT; OSWALDO LUIZ PALU, “Controle de Constitucionalidade – Conceitos, Sistemas e Efeitos”, p. 219, item n. 9.9.17, 2ª ed., 2001, RT; GILMAR FERREIRA MENDES, “Jurisdição Constitucional”, p. 176/177, 2ª ed., 1998, Saraiva), cuja percepção do tema ora em exame põe em destaque, em casos como o destes autos, que a superveniente alteração do quadro constitucional revestido de parametricidade configura situação de prejudicialidade do processo de controle abstrato de constitucionalidade. Registro, finalmente, que a inviabilidade da presente ação direta de inconstitucionalidade, em decorrência das razões ora expostas, justifica a seguinte observação: no desempenho dos poderes processuais de que dispõe, assiste ao Ministro Relator competência plena para exercer, monocraticamente, o controle de ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal, legitimando-se, em consequência, os atos decisórios que, nessa condição, venha a praticar (RTJ 139/53 – RTJ 168/174-175, v.g.). Nem se alegue que o exercício monocrático de tal competência implicaria transgressão ao princípio da colegialidade, eis que o postulado em questão sempre restará preservado ante a possibilidade de submissão da decisão singular ao controle recursal dos órgãos colegiados no âmbito do Supremo Tribunal Federal, consoante esta Corte tem reiteradamente proclamado (RTJ 181/1133-1134, Rel. Min. CARLOS VELLOSO – AI 159.892-AgR/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO – RE 302.839-AgR/GO, Rel. Min. CARLOS VELLOSO, v.g.): “PODERES PROCESSUAIS DO MINISTRO-RELATOR E PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE – Assiste ao Ministro Relator competência plena para exercer, monocraticamente, com fundamento nos poderes processuais de que dispõe, o controle de admissibilidade de ações, pedidos ou recursos dirigidos ao Supremo Tribunal Federal. Pode, em consequência, negar trânsito, em decisão monocrática, a ações, pedidos ou recursos, quando incabíveis, intempestivos, sem objeto ou, ainda, quando veicularem pretensão incompatível com a jurisprudência predominante na Suprema Corte. Precedentes. – O reconhecimento dessa competência monocrática deferida ao Relator da causa não transgride o postulado da colegialidade, pois sempre caberá, para os órgãos colegiados do Supremo Tribunal Federal (Plenário e Turmas), recurso contra as decisões singulares que venham a ser proferidas por seus Juízes.” (MS 28.097-AgR/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Acentue-se, por necessário, que esse entendimento jurisprudencial é também aplicável aos processos objetivos de controle concentrado de constitucionalidade (ADC 21/DF, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – ADI 563/DF, Rel. Min. PAULO BROSSARD – ADI 593/GO, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADI 2.060/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 2.207/AL, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADI 2.215/PE, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADO 3/RJ, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADPF 6-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADPF 40/MG, Rel. Min. GILMAR MENDES – ADPF 82/PE, Rel. Min. GILMAR MENDES – ADPF 95/DF, Rel. Min. TEORI ZAVASCKI – ADPF 104-MC/SE, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – ADPF 125/DF, Rel. Min. LUIZ FUX – ADPF 239/DF, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA – ADPF 240/DF, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – ADPF 287/TO, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – ADPF 288-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADPF 308/SP, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI – ADPF 319/PB, Rel. Min. DIAS TOFFOLI – ADPF 327/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO – ADPF 329- -MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO – ADPF 333/RS, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – ADPF 340/SP, Rel. Min. ROBERTO BARROSO – ADPF 352/MT, Rel. Min. CÁRMEN LÚCIA – ADPF 363-MC/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.), eis que, tal como já assentou o Plenário do Supremo Tribunal Federal, o ordenamento positivo brasileiro “não subtrai ao Relator da causa o poder de efetuar – enquanto responsável pela ordenação e direção do processo (RISTF, art. 21, I) – o controle prévio dos requisitos formais da fiscalização normativa abstrata, o que inclui, entre outras atribuições, o exame dos pressupostos processuais e das condições da própria ação direta” (RTJ 139/67, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Sendo assim, e em face das razões expostas, julgo prejudicada a presente ação direta, por perda superveniente de seu objeto. Arquivem-se estes autos. Publique-se. Brasília, 02 de maio de 2018. Ministro CELSO DE MELLO Relator
Indexação
CES